Cena emblemática de Vale Tudo expõe abismo entre original e remake; compare
Comparações inevitáveis das duas versões mostram como é difícil recriar “a novela das novelas”
Publicado em 09/04/2025 às 14:05,
atualizado em 09/04/2025 às 16:21
As brigas entre Raquel e Maria de Fátima eram o ponto alto dos primeiros capítulos da versão original de Vale Tudo, exibida entre 1988 e 1989 na Globo. As comparações com as sequências do remake são inevitáveis e mostram que há um abismo entre a primeira novela e o atual cartaz das 21h.
Foi o que ficou claro com o embate exibido na segunda-feira (7) entre as personagens de Taís Araujo e Bella Campos – interpretadas por Regina Duarte e Gloria Pires na novela de 1988. Várias passagens do texto são idênticas ao roteiro original, mas houve mudanças.
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A repetição exaustiva da palavra “pobre” tornou as falas e os argumentos da vilã cansativos e (curiosamente…) mais pobres. Uma frase bem elaborada – e mais interessante – como “Andar de ônibus sai muito mais caro” foi reduzida a “Você sabe que eu odeio andar de ônibus”, por exemplo.
A direção também deixou a desejar. Faltou dinamismo no bate-boca, longe do ritmo e do impacto que a cena teve no original.
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Enquanto Taís Araujo tem se saído muito bem como Raquel, Bella Campos compromete as cenas mais importantes de Maria de Fátima. Ambas as atrizes estão se distanciando das composições feitas pelas intérpretes de 1988, mas enquanto uma optou por um ótimo caminho, a outra segue perdida.
Taís faz uma Raquel forte, porém discreta, diferente da atuação histriônica, expansiva e até escandalosa de Regina Duarte. Totalmente opostas na interpretação da heroína, ambas conseguiram bons resultados, comovendo e cativando o telespectador desde o início da história.
Já a Maria de Fátima de Gloria Pires era cínica e dissimulada. A atriz economizava nas caras e bocas, mas tinha a expressividade necessária na hora das discussões. Bella, por sua vez, tem feito uma vilã mais deslumbrada, o que é válido, mas parece não dar conta das nuances da malvada.
A jovem atriz até se sai bem nas cenas que pouco lhe exigem, mas basta aparecer uma sequência com maior carga dramática para que o desnível em relação aos colegas fique evidente. Ela se esforça em ser expressiva, mas não convence nem mostra segurança.
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Mesmo frases marcantes de Maria de Fátima mantidas do original – como “Se você soubesse de alguma coisa, você não tinha chegado à tua idade só com a rua para andar” – não têm a mesma força quando ditas por Bella. Não há mudança de tom, por exemplo, quando ela expressa que gosta da mãe, apesar das atitudes.
Dificilmente uma novela conseguirá repetir a qualidade vista na primeira Vale Tudo, “a novela das novelas”, como a própria Globo define. Por isso, a ideia de fazer um remake sempre soou como uma temeridade. Por outro lado, só mesmo na pior das hipóteses a discrepância entre as duas versões seria tão grande.
Compare as cenas de Raquel e Maria de Fátima nas duas versões de Vale Tudo
luisfelipe_seuf
tvglobo
A nova versão de Vale Tudo é escrita por Manuela Dias e tem direção artística de Paulo Silvestrini. A novela é baseada na trama exibida entre 1988 e 1989, criada por Gilberto Braga (1945-2021), Aguinaldo Silva e Leonor Bassères (1926-2004), que teve direção de Dennis Carvalho e Ricardo Waddington.
Assista à abertura do remake de Vale Tudo:
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