Quem foi Leonor Bassères? Coautora teve grande parte no sucesso de Vale Tudo

Leonor Bassères teve um papel discreto, mas fundamental para o sucesso de Vale Tudo. Ela foi coautora da primeira versão da novela, exibida pela Globo entre 1988 e 1989, criada e escrita em parceria com Gilberto Braga (1945-2021) e Aguinaldo Silva. O remake da trama vai ao ar atualmente às 21h.

Nascida em 15 de dezembro de 1926, no Rio de Janeiro (RJ), Leonor Bassères teve várias profissões antes de se tornar autora de novelas. Ela trabalhou com propagandas, foi professora de idiomas, jornalista e também crítica literária, segundo informações do site Teledramaturgia.

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Ao longo da carreira, também escreveu 16 livros de aventuras para adolescentes. Foi a literatura, inclusive, que a levou para a TV. O primeiro contato que teve com Gilberto Braga aconteceu depois de adaptar a novela Água Viva (1980) para um romance, lançado após o fim da trama.

Por conta desse trabalho, Gilberto convidou Leonor para ser sua colaboradora em Brilhante (1981) quando o parceiro inicial, Euclydes Marinho, pediu para deixar o projeto, por incompatibilidade com o trabalho. Foi a estreia da escritora na TV, quando tinha 55 anos de idade.

A parceria se repetiu em todas as novelas seguintes de Gilberto, até a morte de Leonor. Ela também foi colaboradora em Louco Amor (1983), Corpo a Corpo (1984), O Dono do Mundo (1991), Pátria Minha (1994), Força de um Desejo (1999) e Celebridade (2003), além da minissérie Labirinto (1998).

Gilberto e Leonor também trabalharam juntos em De Corpo e Alma (1992) quando Gloria Perez se afastou da novela após o assassinato da filha Daniella Perez (1970-1992). A dupla teve ainda a ajuda de Ana Maria Moretzsohn até que a titular voltasse a assumir o roteiro, o que aconteceu após alguns dias.

Por ter uma formação clássica, Leonor foi coautora de O Primo Basílio (1988), baseada no livro de Eça de Queiroz. Ela também fez Mico Preto (1990), assinando como autora principal com Euclydes Marinho e Marcílio Moraes, e foi colaboradora de Ricardo Linhares em Meu Bem Querer (1998).

Como os três autores escreveram Vale Tudo?

Gilberto Braga foi quem concebeu a trama de Vale Tudo, desenvolvida em parceria com Aguinaldo Silva e Leonor Bassères. Na época, Aguinaldo já vinha se destacando em trabalhos solo, como O Outro (1987), exibida um ano antes, e recebeu o convite para se unir à dupla.

Era comum que cada um do trio escrevesse mais as cenas de determinado núcleo, mas eles também alternavam. As reuniões do trio para decidir os rumos da trama aconteciam no apartamento de Gilberto e varavam a madrugada.

A biografia Gilberto Braga: O Balzac da Globo, escrita por Artur Xexéo e Maurício Stycer, aponta que Leonor tinha fama de ser boa nas “histórias de escritório”, ou seja, relacionadas às empresas das novelas. Entretanto, ela também era considerada eclética e escrevia cenas variadas.

Leonor era quem mais desenvolvia as histórias de Marco Aurélio (Reginaldo Faria), Heleninha (Renata Sorrah) e o casal Laís (Cristina Prochaska) e Cecília (Lala Deheinzelin). Ela também ficava responsável pelas partes práticas, como o contato com os editores da Globo, para cortar ou adiantar cenas.

Gilberto costumava ficar com as cenas de Odete Roitman (Beatriz Segall), Raquel (Regina Duarte) e Maria de Fátima (Gloria Pires). Aguinaldo, além de fazer as escaletas, detalhando o que iria acontecer nos capítulos, era responsável pelo núcleo popular, de Aldeíde (Lília Cabral) e Poliana (Pedro Paulo Rangel).

A influência de Leonor Bassères para Gilberto Braga

Vinte anos mais velha, Leonor Bassères teve influência na formação de Gilberto Braga como autor de novelas. Sérgio Marques, outro colaborador frequente do novelista, a definiu como “uma pessoa progressista que não gostava da ditadura”, em outro trecho da biografia lançada no ano passado.

“Leonor era um raio de luz, era impossível não gostar dela. Era muito importante para mim em tudo.”

Gilberto Braga em depoimento presente na biografia O Balzac da Globo

Leonor Bassères morreu em 29 de janeiro de 2004, aos 78 anos, vítima de câncer de pulmão. Na época, ela era colaboradora de Gilberto em Celebridade, que ainda estava no ar. No último capítulo, que foi ao ar em junho daquele ano, o autor dedicou a novela à parceira de trabalho.

Os filhos de Leonor encontraram um arquivo no computador da autora com o título Como Curtir uma Morte Bem Curtida, escrito em agosto de 2003, cerca de seis meses antes de sua morte. O texto dizia:

“Fazia um dia lindo na manhã em que eu morri. Desses que a gente chamava ‘gloriosos’. Próprios para ir à praia, jogar tênis, correr pela orla com o namorado, essas coisas. Sem nem mencionar que a pessoa precisa não estar numa cadeira de rodas, roída por um câncer do pulmão na metade de cima, e por uma hepatite medicamentosa no resto. Sempre pedi a Deus ou a essa autoridade que manda nos homens e na terra, morrer dormindo. Achava lindo e confortável. Mas morte em manhã linda de verão também servia, já que o que estava ficando insuportável era a vida. Fechei os olhos e pensei ‘vamo nessa’ e fui.”

Leonor Bassères

Assista à abertura da primeira versão de Vale Tudo:

A nova versão de Vale Tudo é escrita por Manuela Dias e tem direção artística de Paulo Silvestrini. O remake é baseado na novela exibida entre 1988 e 1989, que teve direção de Dennis Carvalho e Ricardo Waddington.

O NaTelinha divulga todos os dias os resumos dos capítulos, detalhes dos personagens, entrevistas exclusivas com o elenco e spoilers da novela Vale Tudo. Confira!